Já que estamos incorporando o papel do arqueólogo, em nossas aulas, vale a pena ler este texto de Mara Figueira, retirado da Revista Ciência Hoje das Crianças "Quando crescer vou ser arqueólogo, para conhecer um pouco deste profissional que desenterra o passado das civilizações…"
Quando piratas chegam a uma ilha, pode apostar: tem tesouro por perto. Para encontrar o tradicional baú cheio de moedas de ouro, eles seguem um mapa e, no final da história, ficam ricos. É claro que você não acredita na existência de tesouros embaixo da terra, mas... deveria acreditar! Afinal, eles existem. Não o tal baú de ouro, mas vestígios da presença de grupos humanos de milhares de anos atrás - como pedaços de cerâmicas, de ferramentas e de fogueiras - que são preciosas peças do nosso passado.
Os caçadores desse tesouro, que também inclui as pinturas feitas em rochas, são os arqueólogos. Ao contrário dos piratas, eles não têm um mapa com um 'X' indicando onde estão os objetos deixados pelos povos que desapareceram. Precisam encontrar sozinhos. O problema é que as ferramentas, as cerâmicas e os outros objetos usados por grupos humanos do passado podem estar bem escondidos, porque, com o passar do tempo, eles foram sendo cobertos por sedimentos, que formaram camadas espessas.
O trabalho de investigação do arqueólogo está em retirar essas camadas de terra para tentar encontrar os objetos. Mas não pense que ele escava em qualquer lugar. A escavação só começa se houver indícios de que grupos humanos viveram naquele local. Que indícios são esses?
As pinturas rupestres, por exemplo. As figuras pintadas nas rochas, como nas paredes das cavernas, precedem a escrita e representam os temas e animais valorizados pelas pessoas que habitavam determinado lugar. Em regiões de clima frio, as grutas e cavernas - locais que oferecem proteção contra possíveis agressões de animais de grande porte - têm grande probabilidade de terem sido habitadas por pequenos grupos humanos. Da mesma forma, um lugar onde é fácil encontrar água em período seco poderia ser o espaço escolhido por outro grupo para viver.
Analisada a região, a escavação pode começar. Mas não pense também que o trabalho do arqueólogo termina quando ele encontra vestígios humanos pré-históricos - isto é, de períodos anteriores à invenção da escrita. Ele precisa estudar as ferramentas, as cerâmicas, os utensílios encontrados para tirar conclusões sobre a cultura e a história dos povos que os fabricaram e usaram. Mesmo que não encontre objetos, o arqueólogo pode escavar e encontrar diferentes camadas de sedimento. Com isso, é possível definir se o solo foi utilizado para a agricultura, por exemplo. Mesmo restos de fogueiras são importantes, pois analisando os pedaços de carvão, é possível saber em que época aquele local foi habitado.
Já pensou como deve ser bom descobrir coisas tão interessantes e importantes sobre o nosso passado? A arqueóloga Anne-Marie Pessis, da Fundação Museu do Homem Americano, no Piauí, diz que o melhor da profissão é justamente a possibilidade de fazer descobertas inesperadas, surpreendentes e encontrar maravilhas, como as pinturas rupestres. Mas ela conta que o arqueólogo também enfrenta dificuldades...
Você conseguiria ficar muito tempo longe de casa, sem conforto, sem a sua família e... sem banheiro? E o que acha de picadas de insetos? Quem quiser ser arqueólogo deve estar pronto para enfrentar esse tipo de situação e ter espírito de equipe, pois as expedições são feitas em grupo.
Além disso, a formação do arqueólogo envolve muitas disciplinas. Ele precisa saber ciências naturais, como geologia, e também estudar ciências humanas, como antropologia e história. No Brasil, ainda estão sendo organizados cursos de graduação em arqueologia. Por isso, quem quiser ser arqueólogo precisa cursar, preferencialmente, biologia, geologia ou história e, depois, se especializar em arqueologia, fazendo mestrado. Acontece que só há mestrado na Universidade Federal de Pernambuco e na Universidade de São Paulo. Logo, se você quiser ser arqueólogo e não morar em um desses estados, terá como primeiro desafio enfrentar a saudade de casa...
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